Bolsonaro não corrige tabela do IR e prejudica mais de 10,5 milhões de brasileiros
Com a decisão do presidente Jair
Bolsonaro (ex-PSL), de, mais uma vez, não cumprir a promessa de campanha de
corrigir a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), mais de 10,5
milhões de brasileiros serão obrigados a pagar Imposto de Renda este ano,
inclusive os que ganham menos de R$ 2 mil por mês de salário - R$ 900 a mais do
que o salário mínimo.
A isenção do tributo continua
valendo apenas para quem ganha até R$ 1.903,98 por mês. O trabalhador que ganha
R$ 1.903.99, um centavo a mais, pagará R$ 142,00 de imposto, e assim por
diante.
Durante a campanha eleitoral,
Bolsonaro prometeu isenção de IRPF para quem ganhasse até R$ 5 mil, depois
reduziu para R$ 3 mil e, no início deste ano, falou que dava “pra dar uma
mexidinha”, mas não mexeu uma palha e a tabela segue sem correção desde 2015.
Não correção prejudica mais
quem ganha menos
Se a tabela do imposto de renda
tivesse sido corrigida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) referente a 2020, que foi de 4,52%, a alíquota de 7,5% seria aplicada
aos trabalhadores que recebem entre R$ 4.022,90 e R$ 5.972,39. As demais
alíquotas (15%, 22,5% e 27,5%) também seriam readequadas.
Sem a correção, a alíquota de
7,5% será aplicada aos contribuintes que tiveram rendimentos mensais em
2020 entre R$ 1.903,99 e R$ 2.826,65.
E a mais alta, de 27,5% será
aplicada aos que ganharam mais de R$ 4.664,68 por mês. Se a tabela tivesse sido
corrigida pelo IPCA, o percentual seria cobrado dos que ganharam mais de
R$ 9.996,73.
Os dados são de estudo feito pelo
Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil
(SIndifisco), que apontou uma defasagem de 113,09% na tabela do IRPF.
De acordo com os técnicos do
Sindifisco, quem ganha menos é proporcionalmente mais prejudicado do que quem
ganha mais. Um trabalhador com salário de 5.000, por exemplo, paga R$ 505,64 de
imposto por mês, 545% a mais do que deveria.
Receita Federal
A partir desta segunda-feira
(1º), começa o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda, que vai
até 30 de abril. As regras foram divulgadas pela Receita Federal na
última quarta-feira (24), inclusive com a liberação do programa gerador. A
Receita espera receber 32 milhões de declarações. Se o governo corrigisse a
tabela, como seu mandatário prometeu, o número seria bem menor.