Sem vetos, regulamentação do Fundeb é sancionada e entra em vigor em janeiro
Fundeb é composto de 20%
da receita de oito impostos municipais e estaduais, além de valores repassados
de impostos federais.
Crédito foto: Marcelo
Camargo/Agência Brasil
O presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) sancionou na noite dessa sexta-feira (25), o Projeto
de Lei 4.372/20, que regulamenta o novo Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb). O texto foi publicado no Diário Oficial da União, sem ter
nenhum ponto vetado.
A lei determina novos
critérios para distribuir os recursos para a educação infantil e os ensinos
fundamental e médio nas redes de ensino públicas. Com o novo fundo, a
participação da União no financiamento da educação passa de 10% para 23%,
progressivamente, até 2026.
Estabelecido pela Emenda
Constitucional nº 108/20, o novo Fundeb, de caráter permanente, entra em vigor
em janeiro de 2021. Em 2019, o Fundeb repassou R$ 156,3 bilhões para a rede
pública.
O texto sancionado por
Bolsonaro foi aprovado
no dia 17 de dezembro pela Câmara dos Deputados, após ampla
mobilização da sociedade civil para retirar trechos que, na avaliação de entidades
ligadas à educação, iriam "desconfigurar" e gerar uma série de “retrocessos” ao
Fundeb.
No início do mês, a primeira versão do texto foi aprovada na Câmara com
influência da base bolsonarista. Os governistas haviam incluído emendas que
destinavam 10% dos recursos do Fundeb para instituições filantrópicas e para a
educação profissionalizante - incluindo entidades do Sistema S - , o que
poderia retirar R$ 15,9 bilhões da educação pública, segundo uma estimativa da
Campanha Nacional pelo Direito à Educação e a Associação Nacional de Pesquisa
em Financiamento da Educação (Fineduca).
Na ocasião, uma nota
técnica elaborada por um grupo
de mais de 300 juízes, promotores, procuradores, advogados e
professores denunciou a inconstitucionalidade da proposta.
Após a pressão popular,
os trechos acabaram sendo retirados durante a tramitação
no Senado, que enviou à Câmara uma nova versão sem as emendas propostas
pela ala governista. O novo texto, então, foi aprovado por 470 votos a 15.
Daniel Cara, da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação,
conta que na semana da votação do novo Fundeb no Senado, mais de três mil
mensagens para cada senador foram enviadas pelo Whatsapp. Nas redes sociais,
foram mais de 90 mil citações à matéria e à #FundebÉPúblico.
"O Fundeb quase foi vítima da insanidade
bolsonarista", declarou Cara, em entrevista
recente ao Brasil de Fato.
Segundo Cara, a aprovação
do novo Fundeb, que leva em conta a desigualdade regional existente no país,
representa “pela primeira vez na história” uma “vitória” parlamentar no
sentido de vetar o conveniamento no ensino fundamental e médio - proposta que o
patrono da sociologia brasileira, Florestan Fernandes (1920-1995), defendeu em
1961, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).